Encontro sobre Sistemas de Informação em Saúde confirma compromisso ministerial nesta área

Lisboa, 6 de Outubro de 2010 – A implementação da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) e o Registo de Saúde Electrónico (RSE) são para avançar, não obstante as dificuldades financeiras que se vivem em Portugal. De acordo com o Dr. Manuel Pizarro, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, não há risco dos projectos relacionados com os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) serem interrompidos pela crise. Esta resposta surgiu durante a manhã na sequência de um repto deixado momentos antes pela Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE): «Esperamos que a situação económico-financeira do país não venha a ser justificação para mais ziguezagues, recuos e eventuais cedências a interesses instalados». Estas declarações foram proferidas perante uma audiência de cerca de 800 enfermeiros que participam no encontro organizado pela OE dedicado ao tema «Enfermagem e Sistemas de Informação em Saúde 2010: CIPE® e Experiências de Utilização Efectiva». Este evento decorre até amanhã, 7 de Outubro, no Bloco C3 da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

«A crise é uma oportunidade para seleccionar os projectos decisivos, para melhorar o acesso, a qualidade e a eficiência do sistema de saúde», factores centrais no Serviço Nacional de Saúde. O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde também referiu que «é expectável que ainda em 2010 se possa adjudicar a renovação tecnológica do SAM e do SAPE, através da fusão das duas aplicações informáticas.

A garantia dada pelo Dr. Manuel Pizarro foi posteriormente reafirmada pelo Vice-presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, Fernando Mota. O mesmo anunciou que a implementação da CIPE® irá prosseguir ao nível do software utilizado pelas unidades de saúde, esperando-se que esse processo demore entre «dois a três anos».

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE) enfatizou que a OE continuará a «pugnar por um sistema de informação em saúde coerente e integrador das várias vertentes que o constituem». A mesma responsável recordou que a CIPE® é hoje uma das classificações internacionais assumidas pela Organização Mundial da Saúde», tendo sido sublinhado ao longo de toda a manhã o contributo pioneiro de Portugal – dado através da Ordem e dos enfermeiros no terreno – para o desenvolvimento e aplicação desta ferramenta – facto sublinhado pelo Enf.º David Benton e pela Enf.ª Amy Coenen, responsáveis de topo do Conselho Internacional de Enfermeiros. «Os enfermeiros sempre fizeram registos de Enfermagem». Este trabalho tem sido sempre entendido «por outros como valioso para as suas decisões e para os enfermeiros para a continuidade dos cuidados que prestam. A CIPE® é um patamar acima nos registos de Enfermagem, permitindo uma linguagem comum no que respeita aos diagnósticos, intervenções e resultados esperados pelos cuidados de Enfermagem».

Por sua vez, o Dr. Luís Campos, Coordenador Nacional do RSE, referiu que esta é uma das cinco medidas definidas pelo Governo como emblemáticas até 2015, havendo expectativas de que haja retorno financeiro a médio prazo. «Os SIS devem ser parte integrante dos processos de reforma da Saúde» e para isso é necessário que as «redes de cuidados estejam organizadas de forma coerente e articulada».

Ao início da tarde, o Enf.º Sérgio Deodato, Presidente do Conselho Jurisdicional da OE, referiu os problemas e desafios éticos e deontológicos que se colocam aos enfermeiros com os actuais SIS. «A informação pertence às pessoas, mas aos profissionais cabe guardá-la como fieis depositários, em segredo», partilhando-a com todos os que implicados no plano terapêutico.