Dia Mundial da Imunização (Vacinação) - Texto da Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária - 09.Junho.09

Dia Mundial da Imunização (Vacinação) - Texto da Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária - 09.Junho.09

O impacto da imunização / vacinação na saúde da população mundial é inquestionável. Com excepção da disponibilidade de água potável, nenhuma outra intervenção teve um efeito tão importante na redução da mortalidade e no crescimento populacional em todo o mundo.

Entre 1900 e 1973, a utilização das vacinas esteve praticamente cingida aos países industrializados. À escala mundial, a cobertura geográfica da vacinação era (e ainda é) muito heterogénea. As epidemias de doenças infecciosas continuam a ocorrer em todos os países, nalguns casos com periodicidade regular, embora nos países onde a vacinação foi implementada em grande escala, o período interepidémico tenha em geral aumentado. No entanto, muitas situações evitáveis por vacinação são ainda frequentes no mundo em desenvolvimento, e como as doenças infecciosas não respeitam barreiras geográficas, uma doença descontrolada em qualquer parte do mundo representa um risco para os outros países.

A primeira implementação à escala planetária de uma vacina deu-se com a da varíola e iniciou-se em 1956, com o patrocínio da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Actualmente a maioria das nações do mundo adoptou o princípio de possuir um Programa de Nacional de Vacinação (PNV). O PNV tem como objectivo assegurar o controlo de doenças infecciosas, para as quais existem vacinas eficazes e seguras e cuja incidência, sequelas e letalidade são elevadas. O PNV é universal e gratuito para todos os indivíduos, e recomenda um esquema de vacinação que constitui uma «receita universal». É à Direcção-Geral da Saúde que compete definir o esquema do PNV, bem como planear a sua aplicação e providenciar, a nível nacional, a sua avaliação. O PNV em vigor em Portugal foi especificamente estudado para o nosso país e é este que devemos cumprir. No entanto, não deve ser rígido, podendo ser adaptado às condições epidemiológicas locais e a determinados casos individuais.

A modificação do estado imunitário da população altera a epidemiologia e a apresentação clínica das doenças. O PNV é actualizado em função desta evolução e da disponibilidade de novas vacinas, com o objectivo de melhorar a sua qualidade, sem prejuízo da aceitabilidade por parte da população-alvo. A última actualização do PNV aconteceu em 2008, passando a partir do mês de Setembro a contemplar a vacina contra infecções por Vírus do Papiloma Humano (HPV), aplicável, por rotina, à coorte de raparigas que atinjam 13 anos no respectivo ano civil. Durante o presente ano, além da coorte dos 13 anos podem ser vacinadas as raparigas que completem 17 anos em 2009 (nascidas em 1992).

Existem ainda outras vacinas, que não fazendo parte do PNV, são comercializadas em Portugal. Exemplo disso é a vacina da gripe, a vacina antipneumocócica e vacina anti-hepatite A, que têm indicação em determinadas situações específicas de risco.

A avaliação do PNV é um imperativo. As coberturas vacinais são avaliadas transversalmente em determinados coortes de nascimento. Actualmente, essa avaliação transversal aponta para uma Taxa de Cobertura Vacinal Nacional média na ordem dos 95% para cada vacina. Somente taxas de cobertura vacinal muito elevadas permitem obter imunidade de grupo. No caso do tétano, em que a protecção é individual, apenas uma cobertura vacinal de 100% evitaria o aparecimento de novos casos.
Estas elevadas coberturas vacinais ficam a dever-se à acção dos ENFERMEIROS que divulgam o Programa, motivam as famílias e, de um modo geral, aproveitam todas as oportunidades para vacinar as pessoas susceptíveis, nomeadamente através da identificação e aproximação a grupos com menor acesso aos serviços de saúde, sendo sempre possível adaptar esquemas vacinais a situações em que o esquema recomendado não foi seguido.

Tendo por base os resultados do 2º Estudo Serológico Nacional, os 40 anos de operacionalização do PNV em Portugal tiveram como consequência uma elevada proporção de indivíduos imunizados. Satisfazendo todas expectativas, são elevadas as percentagens de cobertura vacinal e baixas, ou mesmo nulas, as taxas de incidência das doenças abrangidas pelo Programa. O mesmo estudo concluiu que, apesar de ser necessário fazer pequenos ajustes, nomeadamente o reforço da cobertura vacinal nos adultos, o PNV constitui, pelos seus resultados, o mais importante Programa de Saúde Pública do país. É gratificante saber que os ENFERMEIROS têm um papel preponderante no êxito deste Programa.

Referências bibliográficas:
 
Fernandes, Elisa Proença (2000). Vacinar, porquê?: Revista da MNI. Consultado em Maio 17, 2008. Disponível em http://www.mni.pt/revista
 
Gomes, Manuel Carmo (2003). História da vacinação. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Consultado em Maio 17, 2008. Disponível em  http:// www.fc.ul.pt
 
Direcção Geral da Saúde – Plano Nacional  de Vacinação(2006) - http://www.dgs.pt

http://www.portaldasaude.pt


A Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária

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