Dia Internacional da Pessoa Idosa – Texto da Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária

Dia Internacional da Pessoa Idosa – Texto da Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária


Envelhecemos com qualidade?

Com o mudar dos tempos, tem-se verificado uma mudança de comportamentos por parte da sociedade, relativamente ao envelhecimento e às pessoas idosas. Nas sociedades primitivas, os idosos eram líderes. Eram respeitados, apreciados e tidos como detentores da sabedoria, a quem os mais novos recorriam, perante situações de decisão. O mesmo se passa, ainda hoje, nas sociedades orientais, que continuam a respeitar profundamente a geração mais velha.
 

Mas sobretudo no mundo ocidental, as pessoas idosas são vistas como doentes, incapazes e até mesmo como pessoas inúteis. Estas opiniões vão condicionar as relações com as pessoas idosas e estas, por seu turno, ao sentirem-se rejeitadas por parte dos outros, acabam por criar mitos que lhe são atribuídos e que por sua vez levam a uma deterioração da sua qualidade de vida.


Samuel Ullman, numa tentativa de desmistificar estas crenças, defende que ninguém envelhece, apenas, por ter vivido muitos anos. Envelhece, mesmo, somente, quando abandona os seus ideais, quando fecha o seu coração ao amor, quando dá as costas à esperança e renuncia ao sonho (in Nascimento, 2000).


O afastamento do idoso é, muitas vezes, assumido pela sociedade como a solução ideal. O idoso é afastado do trabalho, das actividades sociais e institucionalizado. Por outro lado, o idoso tem uma imagem negativa da sociedade, na qual se vê como uma pessoa pobre, não produtiva, sozinha e necessitando de apoio de terceiros. Estes factos, a que se juntam muitos outros, levam a consequências físicas e psicológicas que conduzem a uma redução da qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta a qualidade de vida como sendo a percepção que um indivíduo tem da sua situação na vida quanto aos objectivos que delineou, das expectativas que desenvolveu, dos padrões que o motivaram e das preocupações que originaram, num enquadramento sócio-cultural específico que é a comunidade onde vive. (World Health Organization, 1998, citada por Amarantos, Martinez & Dwyen, 2001).


Segundo projecções do Instituto Nacional de Estatística, o processo de envelhecimento da população portuguesa, expressa no Índice de Envelhecimento - que é actualmente de 112 idosos por cada 100 jovens -, irá aumentar, em 2046, para 238 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 pessoas até aos 14 anos.


Logo, é fundamental que nos capacitemos que o envelhecimento é um processo normal de desenvolvimento do ser humano e que o ciclo de vida humana é contínuo, desde o nascimento da pessoa até à sua morte.


Mas nem sempre a qualidade de vida e o envelhecimento são duas realidades que ocorrem em simultâneo. Em alguns casos, são as condições físicas precárias e as doenças que assim o determinam e noutras são as condições psíquicas, a perda de papéis para os filhos, os conflitos intergeracionais e sociais que condicionam a falta de qualidade de vida dos idosos.


Assim, é compreensível o objectivo da OMS  de «Dar Qualidade de Vida aos Anos». Os avanços da medicina e a baixa natalidade levaram a um aumento da quantidade de idosos que têm conseguido atingir idades avançadas, o que por si só foi uma conquista. As pessoas conseguem viver mais tempo…. Mas será que vivem realmente bem?
 

A Direcção-Geral da Saúde, no seu Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas, lançou um guia que visa informar sobre as alterações que podem surgir com o envelhecimento e o modo para enfrentar «Um Envelhecimento Saudável e com qualidade», através de ensinamentos para o autocuidado na saúde e na doença, com programas como:
          - A promoção e manutenção da saúde; 
          - Como lidar com os problemas de saúde;
          - Prevenção de acidentes;

Estes programas exigem uma acção multidisciplinar dos serviços de saúde e dos profissionais, com os enfermeiros a terem um papel preponderante na problemática do envelhecimento ao longo da vida, actuando numa atitude preventiva e promotora da saúde e da autonomia, de modo a reduzir as incapacidades, a promover a adequada recuperação global precoce face às necessidades individuais e familiares, envolvendo a comunidade, numa responsabilidade partilhada.

 
Enf.ª Natércia Castelo,

A Comissão de Especialidade de Enfermagem Comunitária

Divulgado no Espaço Cidadão a 01-10-09 

 

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