Suécia aposta na diferenciação salarial

  • 19-07-2019

Embora a Suécia tenha um dos melhores sistemas de saúde no mundo, ao longo dos últimos anos tem enfrentado problemas como a falta de enfermeiros, em especial na rede de cuidados primários e hospitais.

 

Contudo, a Associação Sueca de Profissionais de Saúde - sindicato sueco que representa cerca de 114 000 enfermeiros, parteiras, cientistas biomédicos e radiologistas, estabeleceu um acordo central de três anos para mais de 90 mil destes profissionais em regiões, municípios e empresas municipais.

 

Uma vez que os serviços de saúde suecos são descentralizados, a responsabilidade recai sobre os 20 conselhos municipais e, em alguns casos, conselhos municipais ou governos municipais dos mais de 290 municípios que compõem o país. Assim, este novo acordo inclui uma priorização plurianual de salários para trabalhadores especialmente qualificados, a oportunidade de uma carreira salarial e um bom desenvolvimento salarial durante toda a vida profissional.

 

Em vigor desde 1 de Abril deste ano, este acordo garante melhores ofertas salariais, em particular para os profissionais mais qualificados, especializados e experientes – a meta é que recebam cerca de 10 mil coroas suecas (+/- 950 euros) a mais, durante o período do contracto de três anos.

 

Depois de muitos anos de debate, a Associação Sueca de Profissionais de Saúde conclui que a formação salarial deve, assim, elevar os profissionais mais experientes que, há muitos anos, não eram reconhecidos e valorizados. Os esforços levados a cabo por este sindicato helvético vão continuar no sentido de que todos os profissionais obtenham melhores condições, do mesmo modo que também procuram a introdução de modelos de carreira nos maiores municípios/cidades suecas até Dezembro de 2022. O objectivo é que estes modelos definam com clareza o desenvolvimento de competências, progressão de carreiras e tabela salarial.

 

Este facto fará com que os enfermeiros e outros profissionais de saúde mais jovens e menos experientes vejam que, através do aumento das suas competências, poderão ter, naturalmente, melhores condições salariais no desempenho das suas funções.  

 

Para Ricardo Correia de Matos, Presidente do Conselho Directivo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, este é um bom exemplo do “compromisso e capacidade negocial que existe entre entidades que, assim, evitaram uma greve nacional. Houve cedências por parte do Governo na valorização da profissão com aumento salarial diferido em três anos”.

GCI/PR