Priorizar a saúde

  • 17-07-2020

 

O McKinsey Global Institute (MGI) apresentou um relatório onde assinala a importância de dar prioridade à saúde, sendo esta a receita para a prosperidade.

 

Em “Prioritizing Health – A prescription for prosperity”, o instituto, que faz parte da consultora norte-americana McKinsey, assinala que o impacto da pandemia Covid-19 espelha o quão importante a saúde é para a prosperidade mundial.

 

Segundo o MGI, as primeiras estimativas apontam que a pandemia e as suas repercussões podem levar a uma queda de 3 a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano.

 

Todos os anos, às más condições de saúde reduzem o PIB global em 15%, e, estando o mundo inteiro a tentar reinventar os serviços públicos de saúde e a reconstruir as suas economias, este será um momento único para, não só restaurar o passado, mas também para avançar dramaticamente para uma saúde e prosperidade de base ampla.

 

Os analistas quantificaram o lado positivo de nos concentrarmos na saúde como um investimento com benefícios económicos e sociais, e não apenas como um custo que tem de ser gerido.

 

Foram analisados cerca de 200 países durante duas décadas, até 2040, para identificar os diferentes desafios e oportunidades que cada um enfrenta. Posteriormente foram compiladas as conclusões segundo regiões, arquétipos de rendimento e a nível global para fornecer uma síntese.

 

As principais conclusões incluem:

 

- ao utilizarmos intervenções que já existem actualmente, a carga global da doença poderia ser reduzida em cerca de 40% nas próximas duas décadas. Mais de 70% dos ganhos poderiam ser alcançados com a prevenção, criando espaços mais limpos e seguros, incentivando comportamentos mais saudáveis e abordando os factores sociais que estão por detrás destes, bem como alargando o acesso a vacinas e a medicina preventiva. O resto viria do tratamento de doenças e condições agudas com terapias comprovadas, incluindo medicação e cirurgias;

 

- reinventar a saúde poderia trazer enormes benefícios: em média, uma pessoa com 65 anos de idade em 2040 poderia ser tão saudável como uma pessoa de 55 anos de idade, actualmente. A mortalidade infantil diminuiria 65%, a desigualdade na saúde diminuiria, e mais 230 milhões de pessoas estariam vivas até 2040. Benefícios sociais mais amplos, definidos como o valor de bem-estar e  bom estado de saúde, poderiam atingir os 100 biliões de dólares;

 

- a inovação em saúde poderia reduzir a carga da doença em mais 6 a 10%. Serão necessárias inovações farmacêuticas e na prestação de cuidados de saúde para prevenir ou tratar doenças para cerca de 60% da carga global de doenças que não podemos combater eficazmente hoje em dia, incluindo doenças mentais e neurológicas, doenças cardiovasculares, e cancros. Foram identificadas dez tecnologias de alto impacto que já se mostram promissoras na prestação de melhores cuidados, na melhoria da qualidade de vida dos pacientes após a terapia, e no abrandamento do envelhecimento. Estas incluem a medicina celular e a medicina regenerativa, a terapêutica digital, e a medicina genética;

 

- melhor saúde poderia acrescentar 12 biliões de dólares ao PIB global em 2040, um aumento de 8% que se traduz num crescimento 0,4% mais rápido a cada ano. Cerca de metade destes benefícios económicos anuais provêm de uma maior e mais saudável mão-de-obra em saúde. O restante provém da expansão da capacidade de trabalho das pessoas idosas, pessoas com deficiência e prestadores de cuidados informais, bem como de ganhos de produtividade à medida que o peso das doenças crónicas de saúde é reduzido;

 

- o retorno económico poderia ser de 2 a 4 dólares por cada dólar investido em melhores cuidados de saúde. Em países com rendimentos mais elevados, os custos de implementação poderiam ser mais do que compensados por ganhos de produtividade na prestação de cuidados de saúde. Os países de baixos rendimentos continuam a necessitar de mais investimento em infra-estruturas básicas de saúde;

 

- perceber que a oportunidade de crescimento saudável exigiria um agente principal assente na prevenção, tanto dentro dos sistemas de saúde como fora deles. Isto não será fácil e exige que todos os interessados trabalhem em conjunto seguindo quatro imperativos: fazer da saúde uma prioridade social e económica; manter a saúde na agenda de todos; transformar os sistemas de saúde; e duplicar a inovação na terapêutica e para além dela.

 

O relatório do MGI concluiu que, à medida que os países emergem da crise da Covid-19, há uma oportunidade única para repensar o papel da saúde num futuro pós-pandémico. Fazer da saúde uma prioridade e mudar o foco para áreas com maior retorno pode melhorar a resiliência, reduzir a desigualdade na saúde e promover maior bem-estar individual, social e económico.

 

Todos os estudos apontam para a criação de benefícios económicos, por cada euro investido na saúde. A McKinsey vem defender, mais uma vez, que o investimento em saúde alavanca a economia local, nacional e mundial. Precisamos, urgentemente, de consciencializar os decisores políticos da efectividade destes números”, sublinha Ricardo Correia de Matos, Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, no seguimento da divulgação desta análise.

 

Consulte o relatório completo aqui.

 

GCI/MA e PR