Porque é que 2020 é o Ano Internacional do Enfermeiro?

  • 04-02-2020

No início de 2019 a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que 2020 seria o Ano Internacional dos Enfermeiros. Ao longo deste ano, a OMS prevê apresentar vários relatórios para celebrar os enfermeiros e apoiar a profissão.

Conheça seis razões pelas quais 2020 é um ano tão especial e importante para a Enfermagem:

 

  1. É o 200º aniversário de Florence Nightingale

Florence Nightingale nasceu a 12 de Maio de 1820, fazendo de 2020 o 200º aniversário do seu nascimento. A "Dama da Lamparina" tornou-se a fundadora da enfermagem moderna e a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito. Durante a Guerra da Crimeia, Nightingale foi colocada a cargo da enfermagem de soldados britânicos e aliados na Turquia. O tempo que passou nas enfermarias, especialmente durante as suas rondas nocturnas, valeram-lhe o apelido de "Dama da Lamparina", tendo começado a formalizar a educação de enfermagem. Fundou a primeira escola de enfermagem de base científica, a Nightingale School of Nursing, no St. Thomas' Hospital, em Londres, em 1860. Nightingale continua a inspirar enfermeiras em todo o mundo com o seu legado de dedicação e inovação. Enquanto o seu aniversário é comemorado todos os anos a 12 de Maio, como o Dia Internacional do Enfermeiro, em 2020 as comemorações irão decorrer ao longo de todo o ano.  

 

  1. Será lançado o primeiro Relatório sobre o Estado da Enfermagem no mundo.

Durante o Ano do Enfermeiro, antes da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, em Maio de 2020, a OMS vai lançar o seu primeiro relatório sobre o estado da Enfermagem e que “descreverá a força de trabalho de enfermagem nos Estados-Membros da OMS, fornecendo uma avaliação da "adequação ao objectivo" relativamente às metas do 13º Programa Geral de Trabalho”. Este programa estabelece as prioridades de liderança da OMS em blocos de cinco anos (2019-2023), sendo que algumas das metas da OMS incluem a redução da taxa mundial de mortalidade materna em 30% e a redução da incidência de casos de malária em 50%.

 

  1. É o culminar da campanha Nursing Now

A campanha mundial de três anos Nursing Now, lançada em 2018, terminará no final de 2020. A Nursing Now é uma colaboração entre a OMS e o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) e é defendida por Kate Middleton, Duquesa de Cambridge. A acção Nursing Now concentra-se em cinco áreas: assegurar que enfermeiros e enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica tenham uma voz mais proeminente na elaboração de políticas de saúde; encorajar um maior investimento na força de trabalho de enfermagem; recrutar mais enfermeiros para posições de liderança; conduzir investigações que ajudem a determinar onde os enfermeiros podem ter maior impacto; e partilhar as melhores práticas de enfermagem. Os enfermeiros podem associar-se à campanha Nursing Now assinando o seu compromisso de apoio, divulgando a iniciativa nas redes sociais, organizando eventos, partilhando as suas experiências com outros enfermeiros e organizando-se para defender a enfermagem. Existem actualmente grupos Nursing Now em mais de 100 países.

  1. Os enfermeiros constituem a maioria da força mundial de saúde

Enquanto os médicos recebem grande parte da atenção, especialmente nas nações ocidentais, os enfermeiros e enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica constituem mais de 50% da força de trabalho na área da saúde em muitos países. Os enfermeiros estão geralmente a linha de frente dos cuidados e, em alguns casos, podem ser o único provedor de saúde na região, especialmente em países em desenvolvimento. Eles fazem a diferença, não apenas na vida de cada paciente, mas também na comunidade como um todo. Devido ao seu grande número e aos locais onde frequentemente trabalham, os enfermeiros são agentes vitais para melhorar os resultados da saúde pública em todo o mundo.

 

  1. Há um grande défice de enfermeiros

Devido ao papel importante que desempenham na força de trabalho de saúde em todo o mundo, os enfermeiros e enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica também representam mais de 50% da falta de profissionais de saúde até 2030. O Bureau of Labor Statistics (BLS) – dos Estados Unidos da América – prevê que o emprego para enfermeiros registados deverá crescer 12% de 2018 a 2028, muito mais rápido do que a média de todas as profissões. O BLS também prevê que os EUA precisarão de mais 200 mil enfermeiros por ano até 2026, totalizando mais de um milhão de enfermeiros. E este é o exemplo de um país que já tinha uma infra-estrutura de saúde significativamente mais desenvolvida que a de outros países.

 

  1. O apoio aos enfermeiros impulsiona o crescimento económico e a igualdade de género

Como parte da campanha Nursing Now e dos seus esforços para apoiar os enfermeiros, a OMS fala frequentemente do “impacto triplo” que advém ao darmos aos enfermeiros o que eles precisam: melhor saúde, economias mais fortes e maior igualdade de género. Embora o primeiro resultado seja mais óbvio, o segundo é igualmente importante. Embora os homens possam e se tornem enfermeiros, a grande maioria dos enfermeiros em todo o mundo são mulheres. Tornar-se enfermeira abre novas possibilidades para as mulheres, dando-lhes a oportunidade de receber educação formal, inscrever-se em programas de formação, obter uma cédula e, finalmente, conseguir um emprego e o rendimento a ele associado. Isto melhora o crescimento económico geral e também aumenta a igualdade de género na força de trabalho.

 

Para Pedro Lopes, Presidente do Conselho de Enfermagem Regional da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, “os enfermeiros devem, todos os dias, orgulhar-se do trabalho que desempenham quando colocam a sua farda em prol do cidadão, mas, em 2020, deverão fazê-lo com a confiança extra de saber que é o Ano Internacional do Enfermeiro. Falta, muitas vezes, o empoderamento do enfermeiro para se consciencializar da importância dos seus cuidados. Se o mundo já mudou, Portugal também tem de mudar e valorizar o impacto positivo que o Enfermeiro gera na cadeia de valor do Sistema Nacional de Saúde”.

GCI/MA e PR