Investir em Enfermagem

  • 12-08-2019

Reunido em Singapura, o Congresso do Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) concluiu que o investimento em educação, formação, emprego e apoio à mão de obra em saúde, que é aproximadamente 70% feminina, é fundamental para atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados com a saúde.

 

Jim Campbell, director do Departamento de Profissionais de Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), focou a sua apresentação nos três “D’s”:

                - Dados: o papel dos dados e da informação é essencial;

                - Diálogo: o papel das associações nacionais de enfermeiros e dos líderes em enfermagem para aplicar os dados e começarem a dialogar sobre o valor clínico da enfermagem, atendendo igualmente a considerações políticas, a custos e a investimentos;

                - Decisão: decidir fazer mudanças, decidir e implementar um novo ambiente político e articular o retorno resultante do investimento.

 

Para saber onde e como investir em profissionais de saúde, os países precisam de dados fiáveis sobre esta força de trabalho e qual o impacto o seu impacto nos resultados dos seus sistemas de saúde sobretudo quando os enfermeiros e parteiras podem representar mais de metade da força de trabalho em saúde de um país.

 

A publicação do primeiro relatório sobre o estado de enfermagem no mundo será capaz de fornecer os elementos e evidências necessárias para que os países insistam no diálogo político e na tomada de decisões sobre o investimento enfermeiros e parteiras, para um sistema de saúde mais sólido.

 

A migração e retenção de enfermeiros foi outro dos assuntos abordados durante este congresso, que decorreu de 27 de Junho a 1 de Julho 2019.

 

Percy Mahlathi, Director-Geral Adjunto do Ministério da Saúde da África do Sul, referiu que, em muitos países há grandes dificuldades de planeamento e desafios sociais resultantes dos padrões de migração. Uma melhor compreensão dos fluxos migratórios de enfermeiras e parteiras deveria levar à criação de políticas aplicadas à implementação de melhorias sistémicas para uma gestão efectiva da migração desta força de trabalho em saúde. Mahlathi incentivou ainda as associações de enfermagem a envolverem-se com os decisores políticos de cada país no sentido de mitigarem todas as formas de migração, criando relações fortes entre todos.

 

Para James Buchan, professor assistente da Universidade de Tecnologia de Sydney, sempre que uma enfermeira sai de uma instituição de saúde, há um impacto na profissional de enfermagem, na organização e nos próprios utentes.

 

Também foi assinalada a necessidade de valorizar, cada vez mais, a investigação realizada em Enfermagem e de dar provas das pesquisas e resultados obtidos.

 

Mercedes Gómez del Pulgar, directora geral do Instituto Espanhol de Investigação em Enfermagem, abordou questões regulatórias com a prescrição por parte de enfermeiros. Num painel alargado de especialistas em regulação em enfermagem, foram analisadas as melhores práticas e inovações neste âmbito.

 

Assim, verificou-se que, nos sistemas de saúde que funcionam bem, a regulamentação dos enfermeiros garante que estes profissionais só permanecem registados no sistema de enfermagem se preservarem as suas competências, situação que protege todos os que poderão vir a necessitar dos cuidados destes enfermeiros. A discussão sobre regulação em enfermagem considerou que, actualmente, os principais problemas que se impõem aos reguladores são a crescente mobilidade internacional de enfermeiros, o impacto do envelhecimento das populações e as tecnologias e tratamentos emergentes.

 

Sobre este assunto, Howard Catton, CEO do ICN, afirmou que o “ICN está comprometido em desenvolver estratégias globais para envolver os reguladores e garantir que esses desafios são ultrapassados, mantendo a segurança dos pacientes”, e salientou que “só através de sistemas de regulação eficientes e robustos, podemos garantir a protecção pública e a integridade de nossa profissão”.

 

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GCI/PR