Enfermeiros expostos ao Covid-19

  • 07-05-2020

Estima-se que mais de 100 enfermeiros em todo o mundo tenham morrido, depois de contraírem o novo Coronavírus no desempenho das suas funções. No entanto, o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) considera que o número real de mortes entre enfermeiros poderá ser muito superior à estimativa actual.

 

A entidade apela para que todos os governos registem, com precisão, o número de enfermeiros e outros profissionais de saúde infectados com o vírus, bem como os nomes daqueles que morrem devido ao mesmo.

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) deve compilar e partilhar as informações sobre quem contraiu o vírus e onde, quando e como a doença pode ter progredido para ajudar nas investigações científicas. A OMS relata que, pelo menos, 23 mil profissionais de saúde foram infectados em mais de 50 países, mas não identifica quantos deles são enfermeiros, nem há um registo sistemático centralizado de tais infecções e mortes.

 

Annette Kennedy, Presidente do ICN, afirma que “cada uma destas mortes é uma tragédia: pensar nestes enfermeiros, que são mães, pais, irmãos e filhos, a perderem a vida por cuidarem dos outros, é verdadeiramente desolador. E é ainda mais devido aos riscos adicionais que podem ter enfrentado em resultado de falta de acesso a equipamentos de protecção individual (EPI) adequados para os manter em segurança. Isto nunca deveria ter acontecido, e não deve voltar a acontecer”.

 

A responsável acrescenta que os “governos têm a responsabilidade de manter todos os seus cidadãos em segurança e, em termos de coordenação do fabrico e distribuição de EPI, fracassaram ao não conseguirem disponibilizar todos os recursos e níveis de inovação necessários para dar resposta a um problema que não vai desaparecer tão cedo”.

 

Já Howard Catton, CEO do ICN, apelou aos líderes dos países que integram o G-20 e outros líderes em todo o mundo para porem de lado quaisquer divergências que possam ter para que o fornecimento de EPI seja a prioridade número um.

 

“Reconhecemos que é um desafio fornecer os EPI correctos no local e momento certos e solicitámos aos líderes do G-20 que trabalhassem em conjunto e não se auto-isolassem politicamente. Eles têm o poder de alterar esta situação através da negociação de contractos e de ajudar no fabrico e distribuição deste equipamento crucial que salva-vidas”, frisou Catton.

 

O CEO do ICN disse que a recolha de dados sobre as taxas de infecção e morte de enfermeiros é uma parte vital para compreender e, por conseguinte, prevenir e conter o vírus. “Estamos a falar de informações para acrescentar à base de conhecimentos científicos que comunica sobre as medidas de prevenção e controlo das infecções. O que é calculado conta e, apesar dos elogios e aplausos, se não estamos a contabilizar e a manter dados exactos, então não estamos a honrar e a reconhecer os enfermeiros, alguns dos quais já fizeram sacrifícios extremos. Ao fazermos isto, também vamos salvar mais vidas no futuro - tanto dos profissionais de saúde, como do cidadão comum”.

 

Catton referiu que, embora os governos estejam compreensivelmente preocupados em lidar com a pandemia, agora também é o momento de começarem a pensar no que acontecerá quando a pandemia terminar: “em todo o mundo, as pessoas aplaudem o trabalho dos enfermeiros e de outros profissionais de saúde. Os governos dizem o quanto valorizam as forças de trabalho no sector da saúde. Mas quando os aplausos terminarem, quando as distinções terminam, os governos precisam olhar de forma honesta para os seus sistemas de saúde”.

 

“A pandemia de COVID-19 mostrou os profissionais de saúde no seu melhor, trabalhando, muitas vezes, longas horas em situações terríveis. Mas também expôs as fraquezas dos nossos sistemas de saúde, e que devem ser corrigidas. Muitos países necessitam de um investimento significativo e sustentado nos seus sistemas de saúde para os levar para um nível aceitável. A recessão económica parece agora inevitável e os governos terão de tomar decisões difíceis sobre o financiamento dos serviços, mas esta pandemia demonstrou que o financiamento dos cuidados de saúde não é um luxo, e os líderes mundiais devem comprometer-se a financiar adequadamente os cuidados de saúde no futuro”, concluiu Howard Catton.

 

Seguindo o apelo do ICN, para podermos contribuir com mais dados e informações sobre como o vírus se propaga e contagia, em especial entre os profissionais de saúde e, em particular, entre os enfermeiros, registe o seu estado de saúde na plataforma EuAlerto aqui.

GCI/MA e PR