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09-08-2019
Enfermagem e Inovação
A maioria dos enfermeiros tem ideias de como melhorar o serviço onde trabalha, mas menos de um em cada cinco sente que as suas sugestões seriam seguidas se as apresentassem, de acordo com um novo inquérito.
A pesquisa, realizada pela fundação de inovação Nesta, em parceria com a revista e website para enfermeiros no Reino Unido, Nursing Times, concluiu que a falta de pessoal e a burocracia estão entre as principais barreiras que impedem que a criatividade na linha de frente seja aproveitada.
À medida que os desafios enfrentados pelo sistema de saúde e assistência social aumentam, este estudo constatou que 88% dos entrevistados - a maioria dos quais enfermeiros - tinham ideias de como melhorar o serviço no qual trabalhavam. No entanto, apenas 24% sentiram que o sistema tinha uma cultura de escuta activa das suas ideias, enquanto apenas 17% sentiam que tinham uma cultura de acção sobre eles.
Halima Khan, Directora Executiva de Saúde, Pessoas e Impacto da Nesta, refere que “os resultados da pesquisa apontam que há muito mais que o sistema deveria estar a fazer para obter o conhecimento inexplorado da linha de frente”. “Perde-se assim toda a inteligência e saber que os enfermeiros têm do sistema” e “é mau para os próprios enfermeiros porque, naturalmente, torna-se frustrante se, ao terem uma ideia, não sentem que as pessoas os ouvem ou actuam sobre ela”, acrescentou.
Em última instância, também é “mau para os pacientes porque são atendidos por profissionais menos motivados e mais frustrados e temos assim um sistema que está a perder todo este conhecimento crítico”.
De acordo com a pesquisa, quando uma equipa conseguiu inovar, houve melhorias na saúde ou bem-estar dos pacientes (43%), o uso mais eficiente do tempo da equipa (30%), a melhor colaboração com outros profissionais ou elementos do sistema (31%) e uma melhoria no bem-estar da equipa (27%).
Além disso, 23% disseram que a implementação da sua ideia melhorou o fluxo de pacientes, 21% foram capazes de dar aos pacientes mais controlo sobre a sua própria saúde, e 18% disseram que ajudaram a reduzir a burocracia.
Contudo, o estudo revelou que, hoje em dia, existem muitas barreiras que impedem a inovação em Enfermagem. O principal motivo é a falta de pessoal, seguindo-se os processos burocráticos que, para 28% dos inquiridos, atrapalham a capacidade criativa.
Entre alguns dos comentários recolhidos, alguns enfermeiros revelaram que só os colegas de nível hierárquico superior eram apoiados para apresentarem novas ideias. Outro elemento relatou que “o nosso centro especializado é liderado por enfermeiros seniores que não querem mudanças nem cuidados evolutivos, e que rejeitam ideias e inovações da equipa todos os dias”.
Outros profissionais assinalaram problemáticas ligadas a restrições financeiras, prioridades competitivas, grande ênfase no desempenho e resistências à mudança de outros funcionários ou gestores.
Steve Ford, editor do Nursing Times, disse que os resultados da pesquisa foram usados como uma base de evidências para campanhas futuras no sentido de facilitar a inovação dos enfermeiros. Afirmou também “ser importante para a profissão de enfermagem inovar; esse trabalho é vital, em última análise, melhora o cuidado com o paciente e torna a vida melhor para os próprios enfermeiros” e continuou dizendo que “a inovação não é fácil. Uma série de factores pode impedir que uma boa ideia - o famoso momento da lâmpada - se torne realidade - como a falta de tempo, a falta de pessoal ou culturas organizacionais que asfixiam a inovação”. E concluiu expondo que, efectivamente “os sistemas de saúde, pela sua própria natureza, podem ser bastante hierárquicos e baseados em regras. No entanto, sem inovação, pouco progresso pode ser alcançado e o cuidado não melhora”.
No total, 309 pessoas preencheram este inquérito à inovação, tendo todas afirmado que trabalhavam directamente no sistema de saúde e/ou de assistência social, 87% indicaram serem enfermeiros.
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GCI/PR