II Encontro Nacional e I Congresso Internacional de Enfermagem de Reabilitação

De:  29-11-2006

Até: 30-11-2006

Local: Escola Superior de Enfermagem Artur Ravara, em Lisboa

«Reflectir, Consolidar, Inovar» foi o lema do II Encontro Nacional e I Congresso Internacional de Enfermagem de Reabilitação, que decorreu nos dias 29 e 30 de Novembro de 2006, no Auditório da Escola Superior de Enfermagem Artur Ravara e que contou com 340 participantes.

Este evento resultou de um trabalho conjunto entre a Ordem dos Enfermeiros / Comissão de Especialidade de Enfermagem de Reabilitação e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa / Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, que se assinalou no dia 3 de Dezembro.

Pretendeu-se, ao longo dos dois dias do evento, colocar em debate alguns temas numa dupla perspectiva:

  • Do beneficio para o cidadão 
  • Do desenvolvimento profissional dos enfermeiros

Deu-se voz ao cidadão, a entidades governamentais, a associações de utentes e profissionais e aos enfermeiros especialistas e de cuidados gerais. Para além de prelectores nacionais contámos com a participação de duas convidadas internacionais: a Enf.ª Pam Alice Duchene e a Enf.ª Ana Cristina Mancussi e Faro, que partilharam connosco as suas experiências.

Tendo presidido à Sessão de Abertura do Encontro, a Enf.ª Maria Augusta Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, salientou a importância da realização do evento e frisou o trabalho desenvolvido nesta área pela Enf.ª Sales Luís, a «precursora da Enfermagem de Reabilitação e da mudança de paradigma da Enfermagem portuguesa».

A mesma responsável lembrou que «cabe ao enfermeiro potenciar as capacidades da pessoa para que a mesma seja autónoma e independente». Um exercício baseado neste princípio representa «um salto qualitativo para a Enfermagem portuguesa que implica todos os enfermeiros, e não só os colegas especialistas em Reabilitação». Tudo para que em conjunto se consiga «construir novos paradigmas para o futuro».

A Bastonária referiu ainda que «O Governo, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outras instituições que trabalham nesta área podem contar com a Ordem dos Enfermeiros para desenvolver os esforços necessários à prestação de cuidados que melhorem a qualidade de vida da pessoa com deficiência».

Seguiu-se a primeira mesa redonda, onde se dedicou especial atenção à temática «A pessoa com deficiência e o exercício da cidadania: necessidades e perspectivas». Como principais conclusões desta primeira mesa destaca-se a necessidade de integrar a participação dos diferentes actores - utentes, família, profissionais de saúde e outras entidades governamentais, associações de utentes e outros intervenientes, nomeadamente os que têm responsabilidades na promoção das acessibilidades -, no sentido de uma verdadeira sociedade inclusiva.

Continuamos a constatar que, apesar dos avanços registados nas últimas décadas, as pessoas com deficiência continuam a enfrentar dificuldades no seu dia-a-dia, quer seja no acesso às ajudas técnicas, quer seja numa efectiva promoção de políticas de emprego ou de combate às barreiras arquitectónicas. No que à Enfermagem diz respeito, defendeu-se uma crescente e contínua consciencialização de que os enfermeiros devem potencializar a capacidade de reabilitação de cada pessoa.

O Enf. Fernando Henriques, moderador desta mesa, afirmou que «o exercício da cidadania da pessoa, apesar de diferente, continua após a ocorrência das lesões que dão origem à deficiência». E «a mudança nesse exercício surge no contexto da saúde», pelo que «os profissionais de saúde devem ajudar na defesa dos direitos dos utentes».

Partindo da experiência de Mónica Silva, uma lesionada medular com 25 anos, a Dr.ª Luísa Portugal, Secretária Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, explicou que nesta área há ainda muito a fazer. Avançando que, neste momento, aquele organismo estatal está a preparar uma nova lei orgânica devido à sua transformação em Instituto Nacional de Reabilitação, a responsável explicou que a legislação contempla a defesa das pessoas deficientes e a promoção da sua autonomia.
A Assembleia da República, enquanto organismo que fiscaliza a aplicação das leis, deverá desempenhar um papel decisivo para que a legislação seja aplicada de forma efectiva no terreno. Considera-se essencial a intervenção de ONG, IPSS e grupos de cidadãos. dado que estas estruturas poderão defender os deficientes, denunciar situações discriminatórias e sancionar socialmente quem não cumpre a legislação, advogou aquela responsável.

A Dr.ª Luísa Portugal falou ainda dos vários projectos que o Secretariado Nacional está a desenvolver junto de escolas, autarquias e dos próprios deficientes e suas famílias - como é o caso do Serviço de Informação e Mediação para as Pessoas com Deficiências.
Por sua vez, o Sr. Humberto Santos, Presidente da Associação Portuguesa de Deficientes, denunciou a existência de situações inaceitáveis em pleno século XXI, como é o caso da falta de apoio à integração das crianças com deficiência nas escolas.
Para aquele responsável, enquanto não se conseguir saber com exactidão o número e as condições em que vivem os deficientes portugueses, dificilmente será possível concretizar medidas de efectiva inclusão social. Também é preciso investir ao nível do emprego, da investigação científica e da aplicação de medidas de suporte social, entre as quais se encontram o acesso às ajudas técnicas e a medicamentos.

A Drª Beatriz Condeça, médica fisiatra do CMR de Alcoitão, referiu-se à evolução da Reabilitação e aos avanços médicos na área da Fisiatria.

O Enf.º Mário Vilela falou-nos da necessidade de convencer. Convencer utentes, famílias, profissionais e instituições. Tem que haver uma nova cultura de cidadania pensada em termos globais, que inclua a pessoa e o ambiente e integre o nível social e político. Como enfermeiros especialistas em Reabilitação, é necessário, para além de acreditar, que sejamos capazes de convencer através da prática e dos conhecimentos demonstrados, defendeu.

O tema que esteve em debate na segunda mesa redonda foi «Enfermagem e Reabilitação: reflectir, consolidar e inovar». Foi moderadora a Enfª Graça Góis. Tivemos a oportunidade de conhecer aspectos da realidade da Enfermagem de Reabilitação nos Estados Unidos da América, Brasil e Portugal.

A Enf.ª Pam Duchene, dos Estados Unidos, referiu que os enfermeiros de Reabilitação constituem uma mais-valia na avaliação e melhoria dos resultados, conseguindo níveis óptimos de capacidades funcionais nos utentes, prevenindo complicações e outras incapacidades, promovendo o coping efectivo, a qualidade de vida e a satisfação.

Como desafios para o futuro, a oradora colocou o enfoque na prática baseada na evidência, nos resultados da investigação, no trabalho em equipa transdisciplinar, nas parcerias aos vários níveis, na continuidade de cuidados, na prevenção, no avanço tecnológico, na abordagem aos dilemas éticos e dimensão espiritual. Referiu, ainda que o desenvolvimento da especialidade deve ser perspectivado através da prática, da investigação e da formação.

A Enfª. Ana Cristina Mancussi e Faro, do Brasil, afirmou que a Reabilitação é a ciência da inclusão social. Que a  inclusão designa a postura social de criar igualdade de oportunidades de participação activa e de propiciar a elaboração e consolidação do pensamento de pertencer plenamente a um dado contexto.

A especialista brasileira defendeu que a Reabilitação intervém para maximizar a funcionalidade, a independência física, emocional e social, dirigindo a sua acção para a prevenção e tratamento, contextualizando o indivíduo, a família e a comunidade numa perspectiva mais social e menos biológica. Com o aumento de doentes crónicos, de incapacidades e deficiências por traumatismos, há necessidade de assistência continuada com alternativas de «desospitalização», como os programas de assistência domiciliária e hospital de dia.
A Enf.ª Mancussi e Faro explicou que o enfermeiro de Reabilitação tem competência técnica para prestar assistência às pessoas (criança, adulto e idoso) com deficiência física e / ou com grandes e múltiplas incapacidades decorrentes de lesão medular, hemiplegias, traumatismo crânio-encefálico, doenças crónicas não transmissíveis (sobretudo as músculo-esqueléticas), na fibromialgia, alterações posturais e ainda no desporto, exercendo a sua acção quer em unidades de internamento, em ambulatório, no domicílio, unidades básicas de saúde e centros de reabilitação.

A Enfermagem de Reabilitação brasileira vem despontando para a configuração de um novo paradigma, esboçando as suas investigações no Brasil e no exterior, para ousar mudar a prática curativa, sobretudo na forma como lidamos com o deficiente e suas singularidades, evitando que a diferença se transforme em desigualdade.

O Enf.º João Santos, de Portugal, referiu-se às consequências da interrupção da formação de enfermeiros especialistas desta área de especialidade, nomeadamente no retrocesso da mais-valia que traziam à prática de cuidados de Enfermagem. O cidadão foi, assim, sendo privado da presença de um profissional com uma perspectiva realista e de suporte no acompanhamento do seu processo de adaptação e de recuperação. Foi sendo privado duma intervenção de Enfermagem dirigida à prevenção e limitação de sequelas, à preservação do seu máximo potencial e à precocidade no desenvolvimento do seu programa de reabilitação. Foi ainda sendo privado da promoção e liderança de uma transição mais adequada para outros níveis de cuidados, da promoção da melhoria da qualidade dos cuidados de enfermagem, de um profissional capaz de avaliar as situações de cuidados em toda a sua complexidade e o seu impacto na sua vida futura e na dos que o rodeiam e, por isso, capaz de promover um trabalho interprofissional que possa ir ao encontro dessa complexidade e ajudando-o a realizar o seu projecto de vida.

Aquele interveniente encarou o ano de 2006 como um ano de viragem, pela perspectiva do aumento do número de enfermeiros de Reabilitação e pela discussão sobre o futuro das especialidades que representa um desafio - o de demonstrar o nosso valor e impacto social e económico.

É necessário consolidar… pela reapropriação do papel na equipa de Reabilitação e pelo reassumir desse papel. É necessário inovar… apostando na comunidade, desenvolvendo a criatividade, tornando públicas recomendações para a prática e resultados da investigação e assumindo a liderança.

Na terceira mesa redonda, subordinada ao tema «Modelos organizativos e gestão de cuidados» foram abordadas, no âmbito da Enfermagem de Reabilitação, a experiência da Região Autónoma da Madeira, a intervenção na criança e cuidados continuados. Tendo como moderador o Enf.º Paulo Figueiredo foi, nesta mesa, salientado o papel do enfermeiro especialista em Reabilitação na equipa multidisciplinar, na interligação para a prestação de cuidados de saúde ao cidadão entre o hospital, Cuidados de Saúde Primários e Cuidados Continuados, sendo reforçada uma abordagem activa na família e na comunidade.

Os Enf.os Luís Freitas e M.ª João Franco apresentaram o modelo de organização de cuidados de Enfermagem de Reabilitação em vigor na Madeira, onde o enfermeiro de Reabilitação, em contexto de Cuidados de Saúde Primários, desenvolve a sua acção no centro de saúde (em ambulatório e serviços de internamento), na Rede Regional de Cuidados Continuados Integrados, no departamento de Cinesiterapia e no domicílio.

Descreveram intervenções do enfermeiro de Reabilitação ao nível do utente, família, equipa de saúde, comunidade e ambiente. Ao nível do utente foi dado realce à reabilitação funcional motora, treino de auto-cuidados, reeducação funcional respiratória, ensino sobre a optimização ambiental e sobre a utilização de ajudas técnicas, sendo sempre fundamental utilizar estratégias de motivação e elogiar o utente e família pelos ganhos obtidos. Ao nível da família, realçaram a instrução e treino da família/prestador de cuidados, o ensino e supervisão da continuidade de cuidados, a informação e encaminhamento para os recursos da comunidade, a orientação para a correcta utilização das ajudas técnicas. Ao nível da equipa foi dado realce à formação da equipa de saúde para a promoção da continuidade de cuidados, à orientação e supervisão. No que se refere à comunidade e ambiente, os oradores destacaram intervenções como a formação nas escolas, empresas e nas instituições públicas como essenciais para garantir as condições adequadas ao nível das acessibilidades, bem como na Segurança Social para aquisição de material e equipamento indispensável à promoção da autonomia. Focaram ainda intervenções relacionadas com a formação dos prestadores de cuidados, a avaliação do edifício residencial e orientação para as alterações necessárias na estrutura física e informação e sensibilização das famílias / entidades públicas para as situações de desvantagem associadas as barreiras arquitectónicas.

A Enfª Rita Silva apresentou a experiência do Serviço de Reabilitação Pediátrica e Desenvolvimento de Alcoitão. Realçou a intervenção da equipa multidisciplinar que integra professores e educadores de infância, permitindo à criança manter o seu processo formativo durante o tempo de internamento. Existe uma enfermeira de referência para cada criança e família que é enfermeira generalista, tendo como co-responsável uma enfermeira especialista em Reabilitação. Na preparação para a alta e reintegração na família e comunidade realçam-se os ensinos programados, actividades externas (visitas lúdicas, colónia de férias), visita domiciliária, contactos com o centro de saúde da área de residência e revisões periódicas.

A Enf.ª Nélia Trindade iniciou a sua abordagem relacionada com os Cuidados Continuados focando o impacto do envelhecimento que, em 2010, marcará o final da expansão demográfica em Portugal. Em 2025 haverá uma redução da população na ordem de 2,3% e até 2050 de 11,6%. Assim sendo, Portugal será um dos países da União Europeia dos vinte e cinco com maior percentagem de idosos (32%) e menor percentagem de população activa.

A prelectora referiu ainda que a distribuição actual da população idosa não é homogénea  devido à migração das zonas rurais para as zonas urbanas, sendo que as regiões do Interior são as que têm índices mais elevados de população idosa, superiores a 20%. As pessoas com mais de 65 anos representaram em 2003, três em cada 10 altas hospitalares (32,3% do total), 53% dos internamentos foram superiores a 20 dias e 49,3% dos internamentos superiores a 30 dias. Destas, 10 % tiveram morte súbita e 90% doença crónica e prolongada, verificando-se, assim, que o aumento das doenças crónicas e o envelhecimento crescentes representam um «tsunami» nos serviços de saúde, o que exige respostas diferentes e específicas por parte dos mesmos.

O Decreto-lei nº101/2006, que cria a Rede de Cuidados Continuados Integrados, veio estabelecer um conjunto de intervenções sequenciais de saúde e/ou de apoio social centrados na recuperação global que visam promover a autonomia, melhorando a funcionalidade da pessoa em dependência (reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social). A tipologia da rede prevê unidades de internamento, de ambulatório, equipas hospitalares e domiciliárias.

Após esta abordagem a Enf.ª Nélia Trindade apresentou o trabalho desenvolvido pela equipa de Cuidados Continuados Integrados de Odivelas e pela Equipa Cuidados Continuados do Hospital da Luz.

A quarta mesa redonda, com o tema «Enfermagem de Reabilitação: que percursos para a qualidade» foi moderada pela Enfª Paula Fernandes. Foram abordados os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem, definidos pela Ordem dos Enfermeiros (e o trabalho que tem sido desenvolvido no sentido da sua apropriação pelos enfermeiros), o Resumo Mínimo de Dados (que é um importante instrumento que dará à Enfermagem indicadores sensíveis à tomada de decisão dos enfermeiros), a proposta de Guia de Boa Prática de Cuidados de Enfermagem e de Enfermagem de Reabilitação à Pessoa em Situação de Traumatismo Vertebro-Medular e uma experiência institucional de utilização da Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE), que confere uma maior visibilidade às intervenções dos enfermeiros especialistas de reabilitação.

A Enf.ª Helena Almeida começou por afirmar que os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem definidos pela Ordem constituem-se como uma matriz conceptual que estrutura e orienta o exercício profissional dos enfermeiros em qualquer contexto de acção. Os Padrões de Qualidade são um instrumento fundamental no desenvolvimento de percursos para a qualidade. Esta afirmação tem subjacente a experiência de um percurso que está a ser desenvolvido e que se pretende venha a ter contributos efectivos. Este percurso teve a sua génese nas atribuições da Ordem, sendo um dos seus desígnios fundamentais “promover a defesa da qualidade dos cuidados de enfermagem prestados à população”. Neste sentido, promover a excelência do exercício profissional revelou-se, desde logo, para a Ordem dos Enfermeiros, uma acção prioritária, o que levou a que, em 2001, o Conselho de Enfermagem definisse Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem. A definição destes Padrões criou condições para o seu aprofundamento e disseminação, nos contextos onde os enfermeiros exercem a sua actividade profissional, no sentido de se evoluir para a implementação de estratégias de qualidade em duas perspectivas – a colectiva e a individual.

Foi pensando nestas estratégias de qualidade que a Ordem, a partir dos Padrões de Qualidade definidos, encetou uma nova etapa em Março de 2005. Esta nova etapa é consubstanciada por um projecto de intervenção com o qual a Ordem pretende contribuir para implementação e desenvolvimento de sistemas de melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros e da qualidade dos cuidados através da apropriação, pelos enfermeiros, dos padrões de qualidade e do envolvimento das organizações prestadoras de cuidados de saúde onde os enfermeiros desenvolvem a sua actividade profissional.
 
O Enf.º Filipe Pereira referiu-se aos propósitos do Resumo Mínimo de Dados em Enfermagem (RMDE). Lembrou que, para haver indicadores, é necessário disponibilidade de dados dentro de uma estrutura dos sistemas de informação, sendo que estes devem obedecer a determinados requisitos. É fundamental a comparabilidade de dados e a partilha do modelo de cálculo do indicador para salvaguardar a comparabilidade desses dados. No âmbito do Resumo Mínimo de Dados realçou a importância do diagnóstico, intervenções e resultados. Deu especial enfoque aos indicadores de resultados e referiu-se a indicadores relacionados com a frequência dos fenómenos, eficácia no diagnóstico de riscos, eficácia na prevenção de riscos e resolução e ganhos.

A Enf.ª Ana Luísa Correia, membro de um grupo de trabalho criado pela Ordem dos Enfermeiros sob proposta da Comissão de Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, apresentou a proposta de Guia de Boa Prática de Enfermagem de Reabilitação à Pessoa em Situação de TVM. Este guia tem como finalidade tornar explícita a boa prática de cuidados de Enfermagem Gerais e de Reabilitação que permitam a prevenção de complicações, a promoção do auto-cuidado, a reeducação funcional e a reinserção social. Este guia tem como objectivos apoiar as decisões em Enfermagem e Enfermagem de Reabilitação e promover a qualidade e a continuidade dos cuidados. Após a elaboração da 1ª versão do documento será objecto de validação, prevendo-se a sua divulgação até ao final de 2007.

Por fim, o Enf.º Augusto Lopes referiu-se à importância da CIPE como contributo para a visibilidade da Enfermagem de Reabilitação. Foram relatadas repercussões na melhoria da documentação das práticas, na melhoria da informação e da continuidade e qualidade dos cuidados. O orador deu exemplos de focos de atenção e intervenções frequentemente utilizados pelos enfermeiros de Reabilitação.
A quinta e última mesa redonda foi dedicada ao tema «Desenvolvimento profissional e certificação de competências» e contou com o Enf.º José Manuel Rodrigues como moderador. Abordou-se o percurso de desenvolvimento profissional, que inclui um período de exercício profissional tutelado e um percurso de especialização conferentes, respectivamente, dos títulos de enfermeiro e de enfermeiro especialista, prevendo-se a existência de processos de recertificação.

O Enf.º António Nabais, em representação do Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros, referiu que as áreas de especialidade em Enfermagem conferentes de título profissional devem ser sustentadas numa lógica de benefício para o cidadão e em respostas dinâmicas às necessidades da população em cuidados de Enfermagem.

As áreas de especialidade passarão pelo alargamento do campo de intervenção dos enfermeiros para espaços onde se reconhece a necessidade de afirmação dos cuidados de Enfermagem e pela preservação dos campos de intervenção de Enfermagem especializada actualmente reconhecidos institucionalmente, valorizando-se a aprendizagem ao longo da vida.

O Enf.º Carlos Margato, Presidente do Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros, referiu que o Modelo de Desenvolvimento Profissional é um modelo sistémico que envolve os cidadãos do ponto de vista do reconhecimento social, instituições formadoras e prestadoras de cuidados e implica o envolvimento activo e empenhado do Ministério da Saúde, bem como o controlo directo ou indirecto de todo o processo por parte da Ordem.

O Modelo de Desenvolvimento Profissional tem para a OE as seguintes premissas básicas: diz respeito estrito ao ingresso e trajecto profissional dos enfermeiros e é concebido, implementado e avaliado por enfermeiros. O Sistema de Certificação de Competências pressupõe a existência de uma estrutura de âmbito nacional, regional e local, constituída por enfermeiros.

Várias foram as questões colocadas pelos participantes no sentido de se clarificar o percurso profissional e responsabilidades no mesmo, o que suscita a necessidade de dar continuidade a esta discussão a partir das dúvidas, controvérsias e sugestões colocadas pelos enfermeiros.

Contámos ainda com dois espaços de Comunicações Livres onde foram apresentados os seguintes trabalhos:

  • Cuidar para reabilitar: uma experiência no Serviço de Cardiologia – Enfs. Ana Pinto; Bárbara Roque; Sónia Alves; Isabel Almeida; Cristina Nunes; Helena Florêncio; Susana Sá; Sara Lopes.
  • Estratégias de ensino no Laboratório de Enfermagem: aprendendo Cateterismo Vesical Intermitente Técnica Limpa – Enfs. Luciana Itami; Ana Cristina Mancussi e Faro.
  • Tetraplegia na juventude – Necessidades, Perspectivas e Estratégias de Adaptação – Enfs. Florbela Romão; Helena Duque; Isabel Rabaço; José Testas; Luísa Dias; Maria do Carmo Cordeiro.
  • Treino de equilíbrio: das necessidades à prática – Enfs. Carla Ribeiro; Carla Gonçalves; Domingos Malta; Margarida Silva.
  • A pessoa portadora de Paramiloidose: um caminho para a autonomia - Enfs. Luísa Pires Dias; Maria do Carmo Cordeiro; Fernanda Moreno.
  • Papel do enfermeiro de Reabilitação nos doentes com EM: perspectivas inovadoras no cuidar em Enfermagem de Reabilitação – Enfs. Carla Ribeiro; Carla Gonçalves; Domingos Malta; Margarida Silva.
  • Projecto de úlceras de Pressão - Enfs. António Simão; Elsa Menoita; Helena Duque; Luís Sousa; Fátima Mendanha.

Realçamos, igualmente, os pósteres apresentados:

  • Sobre (o) viver com Artrite Reumatóide – Impacto da doença na qualidade de vida da pessoa. Contributos para a Enfermagem – Enfª Maria do Céu Sá.
  • A Depressão no Doente com AVC – Enfs. Andreia Ruivo; Mariana Rodrigues; Nair Gaspar.
  • Transição para outro nível de cuidados – o familiar cuidador na reabilitação – Enfs. Catarina Garcia; Ana Paula Eusébio.
  • A massagem terapêutica – Enfs. Carla Ribeiro; Carla Gonçalves; Domingos Malta; Margarida Silva.
  • Intervenção da Equipa de Enfermeiros na Unidade de AVD do CMR – Enfs. Cláudia Bagulho; Custódia Condeço; Lúcia Fernandes; Élia Ribeiro; Carlos Gonçalves.
  • Acções de Enfermagem de Reabilitação na prevenção de complicações pós-operatórias - Enfs. Luís Mendes; Susana Ribeiro.
  • Ajudas técnicas na locomoção – Enfs. Carla Ribeiro; Carla Gonçalves; Domingos Malta; Margarida Silva.
  • Posicionamento ergonómico em cadeira de rodas na pessoa com Tetraplegia – Enfs. Ana Mendes; Ana Catarina; Daniela Silva; Rita Cardoso; Sónia Lino.
  • Pensar Enfermagem de Reabilitação – Enfs. Cristina Baixinho; Dulce Crespo; Hélio Firmino; Isabel Santos; Maria João Pinheiro; Rosa Celeste.
  • Mecânica Corporal: cuidado no cuidar – Enfª Maria de Fátima Freitas.
  • Posicionamentos na pessoa com LVM – Enfs. Ana Mendes; Mafalda Machado; Nilton Macedo; Tânia Macedo.
  • Dor – 5º Sinal Vital – Enfs. Bruno Miguel; Custódia Condeço; Marta Ministro; Ricardo Martins; Vanessa Perquilhas.
  • Disfunção sexual masculina no homem com lesão vertebro-medular – Enfs. Antónia Branco; Denise Matos; Filipa Costa; Tiago Lopes; Vasco Josefino.
  • Viver Quadri-Amputada –  Enfs. Ana Falcão; Cristina Silvestre; Luís Bento; Sofia Dehanov.

Ao terminar, esperamos que este Encontro se tenha traduzido num contributo para a reflexão sobre a acção, abordando a Reabilitação como um processo de construção e reconstrução do quotidiano. Esperamos que tenha suscitado novas respostas para os novos desafios que se colocam.

Em nome da Comissão Organizadora, agradecemos a participação de todos os intervenientes pela partilha de experiências e conhecimentos e de todos os colaboradores que tornaram possível este evento.

A todos bem-haja.

Trabalhos Livres Distinguidos

A Comissão Organizadora quis distinguir os três melhores trabalhos nas categorias de Comunicações Livres e Pósteres, os quais serão publicados na página da Internet e na Revista da Ordem dos Enfermeiros. Os trabalhos seleccionados foram os seguintes:

Papel do enfermeiro de Reabilitação nos doentes com EM: perspectivas inovadoras no cuidar em Enfermagem de Reabilitação – Enfs. Carla Ribeiro, Carla Gonçalves, Domingos Malta e Margarida Silva.
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Estratégias de ensino no Laboratório de Enfermagem: aprendendo Cateterismo Vesical Intermitente Técnica Limpa - Enfs. Luciana Tokunaga Itami e Ana Cristina Mancussi e Faro.
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Tetraplegia na juventude – Necessidades, Perspectivas e Estratégias de Adaptação - Enfs. Florbela Romão, Helena Duque, Isabel Rabaço, José Testas, Luísa Pires Dias e M.ª do Carmo Cordeiro.
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Sobre (o) viver com Artrite Reumatóide – Impacto da doença na qualidade de vida da pessoa. Contributos para a Enfermagem – Enfª Maria do Céu Sá.
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Intervenção da Equipa de Enfermeiros na Unidade de AVD do CMR – Enfs. Cláudia Bagulho, Custódia Condeço, Lúcia Fernandes, Élia Ribeiro e Carlos Gonçalves.
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Disfunção sexual masculina no homem com lesão vertebro-medular – Enfs. Antónia Branco, Denise Matos, Filipa Costa, Tiago Lopes e Vasco Josefino.
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Fotografias do encontro

  • 1º dia 

   
   
   

  • 2º dia 

   
   
   

 

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