Ordem dos Enfermeiros quer participar na reforma da Protecção Civil

  • 23-10-2017

A Ordem dos Enfermeiros (OE) quer participar e contribuir para a chamada reforma da Protecção Civil e resposta de emergência às vítimas dos fogos, anunciada pelo Governo na sequência dos trágicos incêndios de Junho e Outubro que provocaram mais de 100 mortos na região Centro do País.

A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, vai solicitar uma audiência ao novo ministro da Administração Interna, defendendo a integração de enfermeiros na estrutura da Protecção Civil, depois de os relatórios já conhecidos sobre os incêndios de Junho apontarem falhas no socorro às vítimas, considerando mesmo que podiam ter sido evitadas algumas mortes.

Com efeito, o relatório do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, publicado na página do Ministério da Administração Interna, refere a possibilidade “de ter havido pessoas feridas que não sobreviveram por falta de socorro”. Noutro ponto do documento, concluiu-se que “a emergência pré-hospitalar foi insuficiente, houve falta de ambulâncias, descoordenação na evacuação hospitalar”.

“Desde o ano passado que a OE apresentou uma proposta ao Ministério da Saúde e Liga dos Bombeiros para integrar as SIV  (ambulâncias de suporte imediato de vida) nas corporações de bombeiros, ao invés dos SUB  (Serviços de Urgência Básica dos Centros de Saúde), e deste modo integrar enfermeiros nas corporações. Esta proposta é uma mais-valia para todos, até porque muitos bombeiros são enfermeiros mas não estão nas corporações nessa qualidade. Nestes incêndios, teria sido decisivo, tal como refere o relatório”, explica a Bastonária Ana Rita Cavaco, sublinhando: “A OE considera que de uma vez por todas tem de se ouvir quem conhece o terreno e o que é preciso fazer. Tem se ouvir as pessoas e não os teóricos de gabinete. A  vida real das pessoas não espera por eles”.

Recorde-se que, em Junho, a Ordem dos Enfermeiros conseguiu mobilizar mais de 400 enfermeiros, que presaram apoio às vítimas em regime de voluntariado.
A Ordem dos Enfermeiros congratula-se, por outro lado, com a aprovação, no passado dia 13, da lei de apoio às vítimas de incêndios, que prevê, entre outras medidas, a isenção de taxas moderadoras e medicamentos gratuitos para as vítimas de fogos.