STOP TB - Os enfermeiros na linha da frente - Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose

STOP TB - Os enfermeiros na linha da frente - Dia Mundial de Luta Contra a Tuberculose

Todos os anos, se celebra a 24 de Março, o dia em que o Dr. Robert Koch, em 1882, descobriu o bacilo da Tuberculose foi assim, dado o primeiro passo para a cura da Tuberculose (TB). Contudo, passados 126 anos desta descoberta e cerca de 60 anos de uso de antibióticos altamente eficazes, a incidência tem vindo a aumentar em termos globais.

Como resposta à problemática da TB, a OMS elaborou um plano global, denominado de estratégia DOTS (Directed Observed Therapy Short Course). É um documento baseado no diagnóstico e tratamento de casos infecciosos, em que os componentes essenciais das actividades para o controlo da TB foram desenvolvidos. A estratégia DOTS é constituída por cinco componentes:

1. Compromisso político sustentado de forma a aumentar os recursos humanos e financeiros e fazer do controlo da TB uma prioridade do sistema de saúde com cobertura nacional;

A OMS aconselha que, a nível nacional, os governos desenvolvam e garantam recursos suficientes para manter um Programa Nacional de Luta Contra a Tuberculose integrado nos serviços de saúde existentes. Os enfermeiros, devido à sua formação profissional e ao trabalho desenvolvido em parceria com a comunidade e com as pessoas com TB são agentes facilitadores da implementação desse programa (ICN, 2008).

2. Acesso assegurado ao dispositivo laboratorial para microscopia da expectoração, de qualidade controlada para confirmação de casos detectados em rastreio, com ou sem sintomas de TB;

Para o controlo eficaz da TB é necessário reduzir o foco de contágio na comunidade, encontrando e tratando os casos infecciosos. Os enfermeiros têm um papel determinante neste ponto da estratégia DOTS, pois são os responsáveis pelo aconselhamento à pessoa doente e garantindo a acessibilidade na entrega de produtos para análise, e colaborando na identificação dos casos com risco de saúde pública (ICN, 2008);

3. Quimioterapia estandardizada em regimes de curta duração para todos os casos, sob condições de gestão adequadas, incluindo a TOD (Toma Observada Directa), o que implica serviços de tratamento tecnicamente sólidos e com suporte social;
No tratamento da TB deve centrar-se na pessoa doente, sendo imprescindível garantir a monitorização e acompanhamento individualizado de cada pessoa / família ao longo de todo o tempo de tratamento, pois, só assim se pode garantir a adesão ao regime terapêutico (ICN, 2008). Acreditando-se ser o enfermeiro o profissional que melhor poderá garantir todas estas vertentes.

4. Fornecimento ininterrupto de drogas de qualidade garantida com sistemas de aquisição e distribuição fiáveis;
Dado ser imperativo que a pessoa com TB complete o tratamento de forma contínua para prevenir a resistência aos fármacos, o enfermeiro, pelo domínio e conhecimento dos contextos das pessoas com TB, agiliza a gestão eficaz do medicamento com garante no acesso e distribuição.

5. Sistema de registo e análise de dados permitindo avaliar os resultados do tratamento em todos os doentes, assim como o desempenho do programa, sendo esta a base para sistematicamente se monitorizar o programa e se corrigirem os problemas identificados (WHO, 2009), de forma e avaliar o progresso da pessoa com TB e o resultado do tratamento.
No nosso entender, o papel do enfermeiro surge como essencial, estruturante, conciliador e articula as diversas vertentes da estratégia DOTS no reforço de cada um destes componentes. O enfermeiro torna-se no elemento privilegiado com maior proximidade do cidadão, bem como das organizações de saúde, para garantir a implementação da estratégia optimizada na sua plenitude e abrangência.
A implementação da TOD é uma estratégia de adesão que, para os enfermeiros é uma questão da sua prática profissional. Actualmente em Portugal, representa muito mais de que a administração observada de terapêutica, uma vez que integra a vigilância, prevenção e tratamento dos efeitos secundários.

O enfermeiro destaca-se assim como o elemento da equipa de saúde que melhor poderá ajudar à operacionalização da estratégia DOTS.

Referências Bibliográficas

1 International Council Nursing, (2008), Para enfermeiros no cuidado e controlo da Tuberculose e da Tuberculose Multiresistente. Geneva:ICN. Edição: Ordem dos Enfermeiros
2 World Health Organization, (2009), Global Tuberculosis Control: epidemiology, strategy, financing: WHO Report 2008. Geneva: WHO/HTM/TB/2009.411.ISBN 978 92 4 156380 2 (NLM classification: WF 300)

Enf.ª Helena Pestana,
Coordenadora do Grupo de Trabalho STOP Tuberculose

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